Resenha | Os irmãos Karamázov, Fiódor Dostoiévski

 

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Há algum tempo tinha em mente ler Os irmãos Karamázov, a obra mais celébre do autor russo Fiódor Dostoiévski. 

Enfim realizei essa empreitada que iniciei no ínicio de Setembro e finalizei agora em Outubro.

Minha edição física tem uma letra muito apertada, o suficiente para caber o romance de mais de 1000 páginas em apenas 535 páginas. O que torna a leitura através dessa edição uma experiência desagradável,  por isso acabei intercalando minha leitura com um e-book e audiobook. 

A tradução do e-book é de Paulo Bezerra  e a do livro e audiobook tem a tradução de Natalia Nunes e Oscar Mendes.

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Os irmãos Karamázov é considerada uma das maiores obras da humanidade, aclamada por nomes como Sigmund Freud, a última obra de Dostoiévski é conhecida por seus personagens complexos e psicologicamente profundos. 

Ao mesmo tempo que é um romance filosófico ele também é uma das primeiras contribuições literárias para o gênero policial. 

Ao longo dos últimos três anos esse calhamaço vem chamando a minha atenção, assim como o seu próprio autor Fiódor Dostoiévski, mas junto com a curiosidade de conhecer obra e escritor também vinha um frio na barriga, o que fez me adiar essa leitura por algum tempo.

A trama de Os irmãos  Karamázov se passa em uma pequena cidade na Rússia, e é focada obviamente na disfuncional família Karamázov.

 Fiódor Karamázov o patriarca dessa família,  teve três filhos. 

O seu primogênito Dimitri, o único que teve com sua primeira esposa, e mais dois em seu segundo casamento: Ivan e Alieksiéi (o Aliócha).

Os três tem personalidade diversas,  e mantém uma relação diferente com o pai Fiódor  Karamázov que sempre foi um pai ausente  e relapso na criação de todos eles.

O fio condutor da trama é quando Dimitri (o Mitia ), aparece naquela cidade requerendo o direito a sua parte na herança, e então se apaixona por Grúchenka, jovem que também é cortejada pelo seu pai. 

A disputa por Grúchenka agita ainda mais a animosidade entre pai e filho que tem tudo para ter um fim trágico. 

E é o que realmente acontece,  na mesma noite que Ivan  vai a Moscou, o patriarca Karamázov é assassinado e Mitia é preso como o principal  e único suspeito do homicídio. 

A única coisa que faz nós leitores acreditarmos na inocência do Mitia é ter acompanhado os seus passos naquela fatídica noite, pois todos os fatos acaba conspirando contra o mais velho dos Karamázov.

Outro personagem que acho válido mencionar  é Smierdiákov, ele é um criado dos Karamázov e existe a suspeita de que seja um filho bastardo de Fiódor .  

Eu o considero como pertencete ao grupo de irmãos Karamázov, mas não  existe um consenso geral para esta afirmação.

 Patel Smierdiákov é quem mostra a Ivan, antes deste partir a Moscou, que com a partida deste o cenário seria propício ao assassinato de Karamázov. Prevendo, inclusive, que teria uma crise de elepsia logo após a partida de Ivan.

A partir de então a narrativa central  gira em torno do julgamento de Mitia. 

Porém existe várias tramas paralelas na obra. Um dos personagens  que acabou chamando a atenção é o menino prodígio Kólia, ele até lembra um pouco o nosso Zezé de "O meu pé de laranja lima", que trava amizade com Aliócha.

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Falando bem a verdade, não sou uma leitora crítica,  sou uma pessoa que gosta de ler histórias e me envolver com elas. E acaba que algumas caem em meu agrado e outras não, então não esperem uma análise crítica complexa dessa obra. 

Que "Os irmãos Karamázov" é uma obra-prima não tenho como negar, mas irei dar minha opinião como leiga.

Havia lido anteriormente algumas obras russas, havia lido Lev Tolsoi  e Nikolas Gogol ( os dois são citados em Os irmãos Karamázov), mas nenhum  deles  até então chegou a me fazer acreditar que eu deveria ter lido o livro "Como ler os russos" antes de iniciar a leitura, senti- me despreparada para progredir com Os irmãos Karamázov

"Os irmãos Karamázov" tem características que eu encontrei  principalmente nas obras de Tolsói que tive contato, uma grande variedade de personagens e sobrenomes russos que  ao mesmo tempo soam estranhos e muito parecidos entre si. 

Acabo tendo uma dificuldade de lembrar quem é quem no início, mas ao decorrer da leitura essa informação começa a ficar mais consolidada e atrapalha menos o progresso da leitura.

Como foi dito no início desta resenha, este é um famoso romance filosófico,  portanto existe longas reflexões ao longo do livro que colabora com a profundidade da história, mas também a torna lenta e cansativa, o que também dificultou minha leitura.

Muitas reflexões possui um teor teológico e nesse aspecto "Os irmãos Karamázov " me lembrou de "O nome da Rosa" ( outro livro que foi uma jornada lê-lo) , mesmo as discussões em pauta serem um pouco diferente. A da obra de Dostoiévski frisa principalmente a discussão sobre a existência de Deus.

 Os três  irmãos tem uma visão diferente sobre esse tópico. Além das reflexões teológicas, também existe as psicológicas que são mais trabalhadas ao final do livro, durante o julgamento de Mitia.

Pode ter sido desafiador, cansativo, mas valeu a pena cada minuto dedicado na leitura ( ou escuta ) de "Os irmãos Karamázov " .

 O meu personagem favorito é o Aliócha, no próprio texto do livro diz que ele é uma pessoa que todos gostam, e eu não fui uma exceção.

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O julgamento, 1976 - novela da Tupi inspirada em "Os irmãos Karamázov"

Enquanto lia "Os irmãos Karamázov" notei que a obra poderia ser adaptada para novela e resolvi pesquisar se já havia feito uma adaptação da obra de Dostoiévski para esse formato. 

E a resposta é positiva,

  A adaptação novelistica de "Os irmãos Karamázov"  é intitulada "O julgamento" e a novela foi transmitida às 20h  na TV Tupi em 1976.

 Na época a Rede Globo transmitiu o filme de "Os irmãos Karamázovrevelando ao público quem era o real assassino do patriarca dos Karamázov que era o principal mistério da novela da Tupi ( que coisa feia Rede Globo). 

A trama de "Os irmãos Karamázov " brasileiro tem como cenário "A cidade das Almas", e o sobrenome adotado na adaptação foi Paixão .

 No elenco existem vários grandes nomes da dramaturgia, mas para mim se destaca Tony Ramos que deu origem a Aliócha/Leco, achei a escolha perfeita pois o ator transmite essa simpatia, bondade e pacifismo do personagem. ( sim, estou dando palpite em uma adaptação que foi ao ar muito antes de ter nascido).

 Já leu "Os irmãos Karamázov"? Tem interesse ? Diga nos comentários 

Comentários

  1. Sempre tive vontade de ler Dostoiévski, mas acho que irei começar por Noites Brancas.
    Ótima resenha!

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    Respostas
    1. Fico feliz que tenha gostado. Noites Brancas é bem mais curto, então acho que talvez seja uma introdução melhor a obra do autor.
      Abraços!

      Excluir

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