Pegando carona no trem da saudade.

Se tem uma coisa que tem o poder de desencadear as lembranças da minha primeira infância, é ouvir o apito de um trem.

 Quando eu era menina e não sabia mexer com as palavras e muito menos as ler, uma coisa que marcou bastante esta época eram as viagens de trem que eu e minha mãe fazíamos com destino a casa dos meus avós.

Fiquei arrasada quando o trem parou de funcionar. Eu amava fazer aquelas viagens.

Meu avô  trabalhou a vida inteira em uma Maria Fumaça, foi o rapaz da lenha, trabalhou na construção de trilhos e por isso minha mãe tinha uma carteirinha que dava o direito de viajar de graça, então quase todo mês eu e ela fazíamos essa viagem.

Quando chegávamos a cidade de nosso destino, o primeiro rosto que eu via quando chegava ao nosso destino era o do meu avô. Se ele não estivesse na estação, ele estaria nos esperando no murinho da casa dele.

A partir dai eu virava a sua sombra, se ele ia regar as cebolinhas eu iria atrás dele, quando ele estava nos moranguinhos, adivinha quem estava la o perturbando?

O meu avô não está mais entre nós desde 1999, a cebolinha e o moranguinho não existem mais, muita coisa mudou, porém, a lembrança dele ainda está impregnada no quintal e viva na minha mente toda vez que eu passo por lá.

Mas não estou falando daquela lembrança dolorosa, estou falando daquela que coloca um sorriso no nosso rosto e desperta em nós um desejo de poder encontrar um buraco no tempo para poder voltar àquela época. 

É óbvio que nem todas as lembranças são ligadas ao meu avô, muitas coisas me remetem a outra época específica: às vezes é uma música, um filme. …

Cada um de nós tem um conjunto de memórias nostálgicas dentro de si. É um tesouro pessoal que até podemos compartilhar com os outros, mas não vai ser sentido da mesma forma.

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 Esse texto faz parte da blogagem coletiva do mês de Agosto da " United Blogs" (Clube de blogueiras no Facebook), o tema é lembranças de infância.